Por que as histórias da ficção também nos marcam tanto?

   27/03/2025  |     Victória Lieberknecht

Me apaixonei por novelas turcas e isso rendeu um artigo. Vem comigo! Já percebeu que o ser humano ama se apaixonar? Geralmente relacionamos isso com futebol e política, mas isso vai muito além de paixões tradicionais. Há pouco mais de um ano fui apresentada ao universo das novelas turcas, conhecidas como dizi, e já considero a Turquia um dos locais que mais desejo conhecer em minha vida. Por quê? Porque eu me apaixonei por essa narrativa. Mas vamos começar pelo começo.

Dizi é um gênero com narrativas únicas, seus episódios podem ultrapassar os 120 minutos (sim, e eu juro que passam voando!), tem sua própria trilha sonora e os roteiros quase sempre trazem histórias com foco em ideias de justiça, amor e também nos valores familiares, sem apelo sexual. Outro ponto interessante é que as filmagens ocorrem na rua e é muito comum encontrar atores e sets ao caminhar por Istambul. Ou seja, se você assistir uma novela turca e depois viajar para a famosa cidade da Turquia, terá a oportunidade de visitar diversos pontos marcantes de suas novelas favoritas. Pegou o que quero dizer?

A conexão se fortalece quando uma narrativa da ficção se mistura com a realidade. Afinal, diferente do que acontece no Brasil, na Turquia você consegue inclusive entrar na casa ou no escritório de sua personagem favorita. Em palavras mais democráticas, imagina se fosse possível entrar no prédio de Friends em NY e de fato subir os lances de escada até a porta roxa mais famosa do mundo? Eu estou assistindo a minha quarta novela turca e já contabilizo diversos cenários que um dia pretendo conhecer de verdade.

Mas as dizis são apenas isso? Não. Elas têm uma mensagem, personagens encantadores e uma narrativa cativante do início ao fim. Todos os ingredientes que te fazem querer acompanhar uma história (e isso é muito comum em novelas, em diferentes formatos. Lembro de passar horas lendo as fotonovelas que minha mãe tinha quando eu era criança). Novelas causam identificação e nos fazem viajar tal qual a leitura de um livro. E é por isso que me tornar viciada em novelas turcas me fez criar um conteúdo para o meu trabalho. Isso porque eu consigo enxergar Storytelling em cada pedaço dessa reflexão.

imagem ilustrativa de uma novela turca - Por que as histórias da ficção também nos marcam tanto?

Quando nos apaixonamos por uma história, nos tornamos consumidores fiéis, apaixonados e motivados a se encantar ainda mais. Há algum tempo, perguntei em meu Instagram quem já havia comprado algo por conta de uma novela, série ou filme. As respostas comprovaram: as histórias da ficção também são poderosas e podem sim te influenciar a consumir, comprar e experimentar.

Uma amiga falou sobre a vontade de comprar as roupas de personagens e isso logo me lembrou dessa notícia: “marca brasileira cria roupas inspiradas na série turca Sen Çal Kapimi”. Para você ter uma ideia, Sen Çal Kapımı, no português Será isso o amor?, foi a primeira novela turca que vi e segue sendo a favorita (quase unanimidade para quem acompanha esse universo). O encanto foi tanto que cortei meu cabelo inspirado na personagem principal, Eda Yıldız, pedi o anel que ela usa para meu noivo e até batizei a protagonista da ficção que estou escrevendo de Kiraz, personagem importante para a história da novela. Tudo isso por quê? Porque eu me apaixonei.

Era uma vez uma menina que não tomava chá

Ok, esse argumento talvez vá um pouco longe demais, mas ele é verdadeiro e por isso o melhor exemplo do quanto somos influenciados por histórias que não existem na vida real. Eu sempre fui uma pessoa que detestou chá pelo simples trauma infantil dos chás de “quando se está doente”. Eu passei 30 anos da minha vida recusando provar sabores diferentes associando ao gosto de remédio que guardei em minha memória. Mas sabe o que me fez experimentar? As novelas turcas.

Para os turcos, o chá é uma forma de demonstrar hospitalidade, acolhimento e generosidade. Por isso, em toda novela ou série, você verá um copo de chá bem vermelhinho sendo saboreado pelos personagens em diversos momentos. Na internet, encontrei que os turcos tomam em média cinco copos por dia, servidos em pequenos copos tulipas transparentes. Mas eu até diria que tomam mais do que isso. A foto a seguir resume o meu argumento anterior: eu, a pessoa que não tomava chá, agora serve chá de hibisco em copos comprados por uma amiga diretamente na Turquia (obrigada por isso, Gabi! <3) para me acompanhar durante as novelas. Se isso não é conexão com a história, eu não sei o que é.

Fotografia ilustrativa - foto de copos de chá. Por que as histórias da ficção também nos marcam tanto?

Você quer fazer o mesmo que seus heróis favoritos

Uma das respostas que eu recebi no Instagram falava sobre ter descoberto o shawarma depois que os heróis da Marvel apareceram comendo o lanche na cena pós-crédito do primeiro filme dos Vingadores. Está vendo? Se os seus heróis favoritos comem um sanduíche determinado você também vai querer experimentar. O mesmo vale para os bolos de aniversário inspirados no que Harry Potter recebeu de Hagrid e nas decorações de aniversários de 30 anos que remontam ao icônico filme De Repente 30, estrelado por Jennifer Garner e Mark Ruffalo. Outra resposta também cita os diversos objetos decorativos de Friends e HP. Tudo isso pelo mesmo motivo: a paixão por algo te torna um consumidor.

gif ilustrativo dos vingadores comendo schwarma - Por que as histórias da ficção também nos marcam tanto?

Aliás, quem aqui já teve uma pulseira da Jade de O Clone? Ou melhor: quem aqui já escolheu o nome de um pet inspirado num personagem amado? Eu já. A minha pulseira da Jade era vermelha e meus pets se chamam Carter, Phoebe e Jamie (por conta de Peggy Carter da Marvel, Phoebe Buffay de Friends e Jamie Fraser de Outlander). Ah, sem contar os cães da casa da minha mãe que se chamam Sheldon, por conta do nerd mais famoso do mundo, e Tris (quem aqui gosta de Divergente?). São tantos exemplos que eu poderia ficar horas escrevendo, mas sei que você mesmo já está lembrando dos seus próprios agora mesmo. Aliás, me conte nos comentários.

Enfim, o amor por uma história de ficção te faz escrever novas histórias. E isso só reforça o poder das histórias de maneira geral. Há algumas semanas encontrei um vídeo de um tour de Outlander na Escócia e me vi em lágrimas pela vontade de viver isso algum dia. Isso só comprovou o que eu já sabia: histórias te fazem sonhar, desejar, consumir e acreditar. E eu tenho certeza que o dia que eu estiver no círculo de pedras de Outlander na Escócia, na floricultura da Eda de Sen Çal Kapımı ou nas rochas de Sanem e Can de Erkenci Kus na Turquia, minhas lágrimas me farão lembrar deste artigo.

Montagem com três fotos com cenas de novelas turcas - Por que as histórias da ficção também nos marcam tanto?

E você: qual história lhe tornou um apaixonado?

Leia mais: Juntei farinha e água e olha no que deu!

Card com texto e foto: Luiza Adorna, Jornalista e Redatora da Âme

Comentários

Compartilhe nas redes sociais

CADASTRE-SE PARA RECEBER NOVIDADES

Conte sua história com a gente

Ao continuar a utilizar o nosso website você concorda com a nossa política de privacidade.